Num passado não muito distante lembro dos dias em que olhava para o espelho
e odiava o que via, de desejar um cabelo diferente, uma altura diferente, de
desejar ser um alguém que não era eu.
Lembro das tentativas frustrantes de me modificar, alisava o cabelo, me
cobria de maquiagem e ainda assim ficava descontente. O tempo foi passando e
comecei a me entender melhor, comecei a me questionar sobre o porquê de tanta
insatisfação comigo mesma e depois de muita auto avaliação, me encontrei.
Entendi que aquela do espelho era eu e que ela era única, em TUDO. Comecei a
me amar de forma única, um tanto egoísta e agressiva, confesso. Não permitia
pensamentos depreciativos vindos de mim e muito menos vindo dos outros,
comentários em formas de piadas era motivo crucial para que eu excluísse a
pessoa da minha vida, esquecendo qualquer tipo de afeto que em mim algum dia
existiu por ela, enfim, aceitei a mim mesma, com abruptidão, mas aceitei.
Hoje, agradeço a mim e somente a mim pelo tal processo. Nada me inveja mais,
nada me inquieta mais a ponto de querer me modificar, olho para mim e agradeço
ao Universo por cada pedacinho deste corpo, por cada pedacinho desta alma e
imensidão. Consigo presenciar as transformações de outros e não as desejar
mais, não me questionar mais, porque finalmente consegui me aceitar, me amar…
O meu eu de hoje é feliz. Torço ainda para que todos entendam que a beleza
vai muito além da estética e que modificar o que está por dentro, a forma como
pensamos, a forma como agimos diante do mundo e principalmente das pessoas que
nos rodeiam, é o que realmente interessa.